sábado, 24 de novembro de 2007

Uhu, Foz do Iguaçu!

Tudo começou com um scrap de uma guria que tinha uma foto verde: "Oi, vi que você também usa linux, vai ter um congresso em Foz do Iguaçu. Estou organizando uma caravana gratuita para ir pra lá", caravana? sim, eu também lembrei do tio Silvio Santos e não contei pra ninguém
que eu ia de caravana para Foz e sim de excursão. Acharam loucura ir viajar assim "sozinha" pra outro estado ainda mais com um convite via orkut mas quando uma prima minha fez uma lipo no início do ano eu perguntei: tu não tem medo de morrer ou de ficar abobada? E ela me respondeu: não, se não for hora de morrer eu não vou morrer. E eu adotei essa filosofia de vida: vou pra Foz e se não for a hora de morrer eu sobreviverei a esta viagem!

Pedi demissão do meu trabalho(afinal daqui até Foz são aproximadamente 13 horas de viagem e o evento duraria 2 dias, então eu teria que ter uma semana livre pelo menos), gravei em video um testamento pedindo pra minha mãe se eu morresse que ela vendesse todas minhas coisas no mercado livre para seguir com meu empreendedorismo, saquei meu limite do banco e Uhu, Foz do Iguaçu, aí vou eu!

Troquei e-mails com a menina verde e ela criou um grupo para que os congressistas se comunicassem, perguntei para as pessoas todas com o maior ar de vítima se eu era a única guria e se era a única sozinha, maior abandonada. As gurias não me deram a menor bola(exceto a menina verde que é muito querida) mas um guri sim, disse que me ajudaria com as compras no Paraguai e disse que pararia num hotel que a diária era 25 reais. Foi uma dúvida bem cruel: paro no hotel de 65 que a menina verde me indicou com piscina, wi-fi, café da manhã onde ela pararia com seu pai e namorado ou nesse que custava menos da metade com o guri que disse que ia sozinho(mas era mentira foi com um amigo).
Resolvi ligar para o tal hotel, atendeu um vôzinho:
- Oi, me indicaram este hotel, procurei site dele mas não achei nada na internet...
- A gente não tem essas coisas - disse o vôzinho rindo.
- Qual o valor da diária?
- R$ 20,00.
- E porque que é tão barato? É estranho, a gente desconfia de coisas muito baratas.
- É um hotel simples, da minha família. Não tem ar-condicionado, só ventilador, mas o banheiro é individual e é tudo muito limpo.

Fiz minha reserva, preferi economizar no hotel e fazer mais compras no Paraguai. É como um amigo meu diz: se tu vai pra uma balada pra conversar tu vai odiar, da mesma forma que se tu vai pra um pub querendo tunti tunti também será frustrante. Tem que estar preparado para o lugar que tu vai. Eu sabia que não poderia esperar muito de um hotel de 20 reais, então o que viesse era lucro.

A saída estava marcada para às 17h, cheguei pontualmente no local de partida e tinham várias pessoas já esperando pelo ônibus, a menina verde veio falar comigo e perguntei se dava tempo de comprar algumas guloseimas, ela disse que dava, como não podia me acompanhar falou pra
o pai dela ir comigo, um senhor simpático com um tom de pele rosa e com os cabelos brancos(é diferente, mas mais diferente que isso são negros de cabelos brancos que ficam parecendo um casadinho, mas a melhor comparação foi a que meu cunhado fez ao ver um cara importante do carnaval, um negro que pintou o cabelo de loiro: olha, ele parece um girasol!).
O ônibus foi chegar beeeem depois, o Beto(guri do hotel barato) me reconheceu e veio falar comigo, estava ele, um amigo e mais uma amiga do amigo, contei pra o Beto que o vôzinho do hotel tinha me dito que a diária era 20 e não 25. Ele contou pros outros dois: O dono do hotel fez a diária por 20 pra ela, o amigo dele perguntou: E porque que pra nós ele fez po 25?, respondi: é porque eu sou especial, vocês não. Todo mundo riu, menos o amigo e a amiga do amigo que ficaram me olhando com cara de paisagem(tudo bem, não são meus parentes mesmo).

Sentei ao lado do Beto, afinal seria meu guia por lá. Conversamos um monte, trocamos figurinhas, acabamos com minhas guloseimas e num determinado momento acabou o assunto(afinal eram muitas horas de viagem), ele se aproximou colocou a mão em cima do meu banco, olhei meio assustada: mas o que é isso?, ele colocou a mão no meu rosto com a delicadeza e sutileza de um mamute e afundou os dedos na minha bochecha e veio se aproximando para me beijar daí sim fiquei completamente assustada e emiti um som: hã-hã. Pronto, agora todo mundo finge que nada aconteceu! E ainda tinham muitas horas pela frente... Porra, porque que as pessoas tentam beijar as outras do nada? Existe aquela teoria de que quando acabou o assunto se beija mas nem sempre é aplicável, se não você sairia por aí beijando suas amigas, pais, tios e até mesmo o porteiro do prédio depois que parou de falar sobre o tempo. Se quando o assunto acabou a pessoa não tá olhando no teu olho esperando alguma atitude, não tome atitude alguma,
evitar ser ridículo costuma ser bem simples.

"Será que não era para eu ter dobrado ali? Não sei se a gente tá no caminho certo", super legal estar sentada atrás dos motoristas(eram dois) e ouvir esta conversa. De repente começamos andar em círculos e recebi a notícia de que íamos entrar numa cidade pra deixar uma criança que tava no nosso ônibus na casa dos avós, era gente caminhando pra lá e pra cá: "estamos indo pro caminho errado", "pega um mapa", é, talvez seja minha hora de morrer mesmo... O Beto se
animou: Ah mas se a gente parar pra deixar a criança na casa dos avós
a gente desce e come uma cuca!
Mas os motoristas se perderam e acabaram passando da cidade que era pra deixar a criança, tudo bem, tudo que eu mais queria mesmo era ouvir choro de cria às 3h da manhã. Só me restava mesmo encher a cara de guloseimas:
- Amigo e amiga do amigo, vocês querem?
- Simmmm! Mas o que que é isso?
- Chucrutes!
E a cada oferecida de guloseimas eu berrava: Chucrutes!

Quando finalmente chegamos em Foz, por volta do meio dia o congresso já havia começado e todo mundo foi para seus respectivos hotéis. Porém meu guia estava interessado mesmo nas compras no Paraguai, fui retirar dinheiro para comprar dólares e a droga do meu cartão não quis funcionar, pedi pra minha irmã depositar na conta do Beto e quando ele tentou sacar meu dinheiro ele havia excedido o limite de saque diário, acabou me emprestando do dinheiro dele mesmo. Chegando no Paraguai... nunca vi lugar mais feio e mais sujo, eu de vestido e salto 11 subindo e descendo lomba ouvindo cantadas paraguaias era algo ¬¬ .
Tava necessitando uma câmera digital e os preços por lá estavam bem atrativos, entramos em uma loja(arguille mania - guarde este nome) e o vendedor nos mostrou uma super máquina, sony, 11 mega pixels, ligou a câmera na tv, tirou fotos nossas, filmou, fez e aconteceu com aquela
câmera.
- Quanto?
- 180 doláres.
- Anota aí pra mim: modelo e preço.
Em nenhum lugar tinha o tal modelo, achamos uma parecida em outro lugar mas mais cara, voltamos a loja e comprei aquela câmera incrivel.
Antes de voltar para o Brasil se deve resgistrar e mostrar para os homenzinhos da receita tudo aquilo que foi comprado. Foi aí que o cara da receita nos informou que a câmera era falsificada daí os 4 patetas foram reparar melhor naquela incrível e surpreendente câmera... Eu que não pretendia voltar aquela cidade horrorosa tão cedo!

A noite, já no hotel, batem na minha porta. Era o Beto:
- Oi, eu posso dormir aqui? Tá uma claridade no meu quarto.
- Bah... eu não ia gostar.
Ai senhor, dai-me paciência!
Fui trocar os lençóis do hotel(eu que não ia usar lençóis de hotel de 20 reais!) e o que eu vejo? Uma barata! Vesti minhas pantufas do frajola e fui até a recepção do hotel, fiz o recepcionista matar a dita cuja e fazer uma inspeção no meu quarto. Ainda não segura fui até o quarto dos 3(pior que a história da claridade era verdade), contei do meu drama da barata e os guris não me deram muita bola, a guria ficou comovida e foi dormir no meu quarto. Contei pra ela do Beto:
- Ai, ele pediu pra dormir no meu quarto. Imagina, guria, ele tinha tentado me beijar antes!
- E daí?
Me senti uma virgem de 15 anos.

No outro dia que eu queria aproveitar o congresso tive que voltar ao Paraguai, uma baita chuva, pedi para minha irmã depositar mais dinheiro na conta do Beto e quando fomos retirar o caixa eletrônico estava estragado. Depois de muita insistência consegui trocar a câmera por uma original de uma marca desconhecida(que por sinal eu já vendi no mercado livre). Chegamos no Brasil e consegui pegar a última palestra do congresso e meu certificado, é claro. A palestra era muito ruim.

De noite o Beto e a amiga inventaram de fazer caipirinhas e eu sabia que aquilo não daria certo... Na noite anterior enquanto a gente vagava pela aquela cidade turística(?) que às 23 horas em véspera de feriado não se achava nenhum lugar pra comer e o guri ficava perguntando se podia me abraçar. Resolvi ir pro meu quarto dormir e no outro dia que eles iam pra Cataratas eu disse que ficaria dormindo no hotel, precisava de uma noitada de sono.

No dia seguinte, como a diária vencia ao meio dia peguei minhas trouxinhas e fui até o hotel onde estavam os motoristas para deixar minhas coisas no ônibus. Chegando no hotel tinha uma gurizada lá e um guri querido me ajudou com minha mala. Nomiei ele como meu ajudante,
feriado numa cidade turística(?) e não encontrei um lugar aberto para almoçar, fui almoçar com eles, o ônibus da excursão deles iá levá-los em um restaurante, era todos tri festeiros, colegas de faculdade(e pensar que meus colegas em 3 anos de faculdade nunca fizeram UMA festa), desejei ter conhecidos eles uns dois dias antes.
"E a aipitek vendida com o adesivo da sony? hahaha" disse um deles, admiti que tinha caído nessa, veio um deles, apertou minha mão e disse que 4 deles haviam comprado na mesma loja e com o mesmo vendedor, me senti menos idiota.
Esse foi o ponto alto da viagem.

Na volta coloquei minha mochila do meu lado e fui sozinha com duas poltronas só pra mim, os motoristas não atrasaram tanto, não se perderam, tomei um naldecon noite, dormi pra caralho e fui feliz pra sempre até o ônibus chegar em Porto Alegre e eu ter que me levantar.

sábado, 20 de outubro de 2007

Trabalho

Personagens:

Colegas - Chico(passou dos 30), Doca(27 anos), Girino(passou dos 30), Zé da Gota(18), Inho(18) e Pri(24).
Chefe - Binho(passou dos 30).

Primeiro episódio
Pri: - Gota, a única diferença do dvd do "Tropa de elite" que tu gravou pra mim para o que está passando no cinema é que no início tem umas coisas escritas em inglês e no cinema está em Português.
Chico: - Tá, mas o dvd é dublado ou legendado?

Segundo episódio
Doca: - Cala a boca, Priscila!
Eu: - Mas o que é isso? Agora o poste tá mijando no xixi?!
Me dei conta da merda que falei e segui trabalhando normalmente como se nada tivesse acontecido, que bom ninguém notou.
Doca - Vocês não escutaram o que ela falou?!!!
Caralho!

Terceiro episódio
Zé da Gota: - Porque eu quando tiver uma filha ela não vai poder fazer nada, não vai poder sair, não vai namorar.
Pri: - Mas eu faço um filho só pra pegar a tua filha.
Zé da Gota: - Não! Minha filha não vai fazer nada, vou colocar um cinto de castidade nela.
Pri: - Mas tu vai só ver se meu negãozinho não vai comer tua alemoa!
Zé da Gota(tri indignado): - Não vai não. Olha o respeito.
Eu: - Quanto mais tu tenta prender pior é. Gota, a tua filha vai ser uma baita puta.
Zé da Gota(mais indignado ainda): - Olha como tu fala da minha filha hein.

Quarto episódio
Doca: - São tudo louco, nenhum deles bate bem. O professor de segunda fala a aula inteira e de terça também não bate bem.
Girino(olhando bem sério pra ele): - E eu Doca? E bato bem?

Quinto episódio
Binho: - Gota, vai lá no térreo urgente e traz um máquina de escrever em inglês pra mim.
O Zé da Gota foi até o local solicitado e passou o dia inteiro recebendo ligações de todo o setor pedindo máquinas de escrever em espanhol, francês...

Sexto episódio
Pri: - Inho, atende o telefone.
O Doca atende.
Inho: - O telefone tocou?
Pri - Inho, tu tá sempre offline!

Sétimo episódio
Girino: - Eu não consigo acessar remotamente a máquina do usuário usando o linux.
Eu: - Bah, tu ainda tá nessa vidinha?

Oitavo episódio
Doca: - Eu ainda não consegui fazer.
Eu: - Mas é BURRO esse meu cavalo!

Nono episódio
Gota: - Uma vez eu tava fazendo limpeza num micro e comecei a deletar uns arquivos que achei que não eram importantes, deletei uma pasta chamada documents and settings.

Décimo episódio
Eu: - Como eu coloco um número elevado na quarta potência?
Girino: - Eu não lembro agora qual o número equivalente na tabela ASC.
Gota: - O que é tabela ASC?

Décimo primeiro episódio
Binho(batendo na barriga): - Tenho que preservar né?
Pri: - Ai, só não nos mostra que nem fez o Doca. A Pâmela e eu não estamos preparadas para ver novamente a visão do inferno.

Décimo segundo episódio
Doca: - Tenho que atender a Dona Teresa.
Eu: - Ai, DONA Teresa, é bem submisso mesmo.

Décimo terceiro episódio:
Inho: - Vou atender pela terceira vez a Matilde.
Eu: - Diz aí Inho, tá pegando, né? Nos conta como que é aquele chambre velho.

Décimo quarto episódio
Doca: - Que presente eu posso dar pra minha namorada?
Ex-estagiário: - A jovem guarda aqui já te ajudou, pede uma ajuda agora pra velha guarda. Chico ajuda ele aí.
Pri: - Ah mas nem isso tu sabe fazer sozinho?
Girino: - Doca, tu é um lixo mesmo mesmo, um nada.

Décimo quinto episódio
Eu: - Binho, quando tu vai se mudar pra nossa sala?
Binho: - Nunca, isso aqui parece um circo.

Décimo sexto episódio
Binho: - Muda aquela mesa de lugar pra nós, faz favor.
Ex-estagiário: - Virei burro de carga agora.
Binho: - A parte da carga é novidade pra mim.

Décimo sétimo episódio
Eu: - Tá e aí? Vai se fazer com essa mixaria?
Binho: - De novo essas bolachas vagabundas? Doca, tu tem que comprar de trakinas pra cima.
Pri : - Vou ter que dar umas bordoadas nesse Doca.
Gota: - Alguém quer bolacha?
Chico: - Que bolacha ruim, onde tu comprou isso daqui?
Gota: - Não é minha é do Doca, por isso que eu tô oferecendo.
Doca: - O Chico tá sempre offline.
No outro dia...
Eu: - Agora sim Doca, essa bolacha eu gosto.



trabalho mais legal do mundo

sábado, 16 de junho de 2007

Produto mistérioso

Chego na farmácia e vejo uma fila, atrás do balcão uma loira de um lado e uma morena do outro, um homenzinho percorria a fila pegando as compras das pessoas e anotando os pedidos que tivessem que ser retirados direto no balcão(quase um mc donald´s). A loira berrava "diane 35" e a menina de 14 anos que queria fazer besteirinha no final de semana mas jurava para todo mundo que tomava pílula para controlar as espinhas se dirigia até a loira. "Deltacid" berrou a morena, e uma piolhenta se dirigiu até ela para pagar o seu produto. "Prozac", e lá foi o depresivo se dirigir até o caixa, "benegripe", e lá se foi o ranhento todo sorridente.

Avistei um colega de aula e mais uma conhecida de infância na fila. Peguei o meu produto e comecei com um pensamento positivo: não vou ter vergonha! Encostei o meu produto na barriga e pressionei com a pasta contra mim como se estivesse segurando a pasta e somente ela. "Corega tabs", vai lá dente amarelado pegar a chave da sua felicidade. Chegou a minha vez, cheguei ao caixa sã e salva(sou muito estrategista, sempre). Me atende o pateta que antes estava percorrendo a fila.
- Somente isso?
- Não. Seu Panvel, eu quero também um negócio pra me manter acordada, parece que se chama ligadão.
- O ligadão nós não temos, mas temos esse aqui que é semelhante.
- Tá, mas semelhante como? (Trancar filas é minha especialidade. Reze para nunca ficar atrás de mim na fila de ônibus)
É nesse exato momento que toca meu telefone e anta loira berra "Absorvente". Atendo o celular, debato com o farmacêutico sobre o negócio pra me manter acordada e penso: vai lá ô menstruada. "Absorventeeeee", a anta loira sacode o troço pra cima, esperneia, só faltou brincar de malabares com a porra do absorvente. Sim, a menstruada era eu! Mas que cocô! Num determinado momento ela tem a brilhante idéia de perguntar ao homenzinho que me aguardava falar no celular "Este absorvente é da tua cliente?", ela pega o próximo produto para começar a sacudir e gritar e agora é a vez da anta morena "absorvente", não satisfeita: "absorvente sempre livre, com abas, ultrafino...", o pateta finalmente pegou a porra do absorvente da mão da mula. Desligo o telefone e continuo falando sobre o negócio pra me manter acordada e começa tudo outra vez. "Absorvente. Pessoal, de quem é esse absorvente?", a panvel inteira poderia responder em couro: é dessa fulana que taí aí na tua frente.
- Eu não quero mais saber sobre o negócio pra me manter acordada. Se tu diz que funciona eu acredito.
- Certo. Dá oito reais e trinta e dois centavos.
- Moça, se alguém vem comprar um viagra aqui vocês gritam "viagra" também?


Na próxima vez que eu for na panvel perguntarei se gritam supositório.

quinta-feira, 15 de março de 2007

Fulana e a pedra filosofal

Porque que todo mundo resolveu vim hoje pra cá? Tenho cara de quem enfrenta fila quilométrica? Dou uma volta para ver se encontro alguém conhecido na fila e não sou muito feliz.
TERRA A VISTA!!! Quer dizer, homem a vista(bem posicionados, é claro):
- Oi, minha amiga e eu vamos ficar aqui na fila com vocês.
Entrando lá:
- Te reconheci só pelo teu jeito de dançar.
- Isso é um elogio ou um xingamento? Devo dizer muito obrigada ou vai a merda?
- É um elogio, claro. Tu tava no gauchinho no carnaval.
Socorro! Estou sendo seguida, força na peruca!
Um cara de aparelho nos dentes se dirige a minha pessoa(lembram do panaca de aparelho no filme "Quem vai ficar com Mary?", bem semelhante). Olhei pra a cara de idiota dele e o riso foi inevitável, era só que me faltava ele achar que estou dando mole, não é nada disso tô rindo da tua cara de palhaço mesmo. Veio cheio de mão falar comigo:
- Oi.
- Tira a mão de mim, se me tocar é falta!
- Tá sozinha?
- Falta!
- Nem no braço?
- Não e não estou sozinha, tou aqui com meu irmão e ele é muito ciumento(que sorte ter um loiro do meu lado essa hora hein).
- Eu conheço ele, ele não tem irmã. E aí, cara!(Puta que pariu!)
- Ah, vocês se conhecem...
- Sim. Como faço para te dar um beijo?
- Faz uma peregrinação até Meca e dê três voltas em torno da pedra filosofal(achei meio assim... deselegante mandar ele nascer de novo).
Um outro me puxa pelo cabelo.
- O que é isso? De que caverna tu veio?
- Não, é que teu cabelo tem cheiro bom.
Sei que pode parecer um tanto quanto bizarro mas este foi o melhor elogio da noite.

Sim, estou com sono e não consegui escrever nada melhor. Oi mãe, espero ter arrancado pelo menos um sorisinho teu.

Lembrei de uma cena hoje no meu emprego:
- E tem esse livro, que é em inglês. Como é o teu inglês?
- É básico.
Tom Cruise is the book, i am is the table. The book is on the table.(Não, essa parte eu não falei pro chefe).

sábado, 10 de março de 2007

Uma noite de forró

E lá fui eu para mais uma de minhas aventuras diárias. Na hora agá todo mundo deu pra atrás, tudo bem, eu chego na festa, me apresento pra alguém e sou feliz pra sempre até a música acabar. Desde o prolongado reveillon em Florianópolis que eu esboçava uma vontade de ir a um forró, só que naquele tempo eu ainda não era uma mulher superior que saía sozinha, hoje em dia me emancipei.

Como assim? Eu paguei 20 reais pra entrar nessa jabirosca e não tem nem sabonete? Ah pára! Sem contar que a descarga da privada é de puxar a cordinha e eu tenho aversão a descarga de puxar a cordinha.

A Tata me deu bolo na hora agá mas me deu o telefone do amigo dela que ia lá no mesmo lugar que eu: "Procura ele lá, ótima companhia, ele te faz rir o tempo todo e ainda dança contigo a noite inteira. Ele é loiro, alto, gostoso, tá sempre com um sorrisão e é judeu. Tem bem cara de judeu". Como é ter bem cara de judeu? Já me imaginei lá: "Oi, qual é a tua religião? Ah, e a do teu amigo?", não, isso não vai dar certo, melhor mandar uma mensagem pra criatura: "Oi, eu sou amiga da Tata, estou sozinha, blusa rosa, calça branca, loira, cabelo comprido, flor no cabelo. Procure-me.", ficou com muita cara de classificados da zero hora mas era uma dançadinha garantida, ?

E lá fui eu! Um comprido fez uma mímica pra mim, acho que ele quer dançar, será que eu vou dançar com o surdo-mudo da festa? Melhor assim, nada de papinhos xaropes. Báh mas o comprido era bom na coisa, me jogava pra tudo quanto era lado, me girava e me tacava pro lado de novo. Mãe, que espetáculo de homem! E ainda por cima tinha cheiro bom, mas peraí, só um pouquinho, vamos dar uma conferida na lata do guri: barman, filho de uma égua! disse que depois daquela tequila eu ia achar as pessoas mais bonitas e isso não aconteceu...
Por favor, o próximo.

Vi um cara ser rejeitado por duas gurias, isso partiu o meu pobre coraçãozinho. Só porque ele é feio? O feio também ama! A camisa dele parece a toalha de mesa da mas nada que uma mulher não resolva. Estava quase tirando o feio pra dançar quando de repente... opa! Apareceu uma oportunidade melhor.
É, mais uma vez a miopia me enganou. Olhei ao meu redor e cadê o feio? Tinha sumido. Vou conversar com esses daqui que estão perto.
- Não é uma festa a fantasia, não precisa se fantasiar de estátua! Vocês não dançam?
Dois pra lá, dois pra cá e toca meu celular.
- Estátua, segura aí minha smirnoff que minha bolsa tá tremendo. Alô, amigo da Tata? Que que tu tá fazendo aí na frente, criatura? Volta já pra cá. Estou dançando com um guri de cabelo em pé, me acha.
Agora é a vez do amigo do estátua.
- Vamos dançar assim ó, de rosto colado.
- Quê??? Nãããão. Isso é uma coisa completamente(me segurei pra não dizer gay)... WANDO! Tá certo que essa música é ruim, mas ainda assim não é do Wando.
Voltei ao estátua.
- A gente está indo embora agora, vamos com a gente?
- Vocês bebem escondido? Pra onde vocês vão?
- Não sei, pra um posto.
- Tu acha que eu vou me deslocar daqui pra ir em um posto?
- Então me dá teu telefone.
- Pra que? Tu não vai me ligar mesmo.
- Claro que eu vou te ligar.
- Não vai.
- Vou sim.
- Não, não. Conheço bem o teu tipinho.
- E qual é o meu tipinho?
- É do tipo homem. Teu amigo até poderia me ligar, mas tu não.
- Tá, então eu vou te dar meu telefone.
- Ok. Tu me dá o teu e eu te dou o meu, me parece justo.
- Não, tu não vai me dar o teu, só eu vou te dar o meu.
- Não, os dois vão dar os telefones.
- Tu fica com o meu mas não me dá o teu.
- Chegaaaa! Não quero mais o teu telefone.
O amigo entra em cena:
- A gente não vai dormir juntinhos?
- Que dormir juntinhos o que, chama uma prostituta.
- Não, é só dormir juntinhos mesmo.
Morri e ressuscitei. Rosto colado, dormir juntinho? Como diria o Severino: Mas isso é uma bixona!

Dancei com uns e outros e lógico que eu e o último homenzinho que dancei fomos os últimos a deixar a pista.
- Atravessa ali a rua pra comprar um cachorro-quente comigo.
- Mas tu nem me deu um beijo.
Ai que gente chata, só pensam em beijo, que saco!
Até eu atravessar a rua a casinha de lata do tio do cachorro-quente tinha fechado, bati na janelinha.
- Abre! Abre que eu tou com fome.
Um voz lá dentro gritou:
- Acabou o pão!
Me senti um mendigo naquela hora e lembrei de um outro dia que eu estourei o limite do cartão do banco e meu cartão bloquiou, fui até a primeira agência que apareceu na minha frente e perguntei como desbloquear o cartão pro homenzinho que usa aquela roupa ridícula escrito: "Posso ajudar?"(os bancos precisam urgentemente de um personal styler, coitados dos homenzinhos que acham que ajudam nos bancos, eu pelo menos uso roupas apertadas e troco elas de vez em quando).
- Tem que ir até a tua agência.
- Mas a minha agência é longe.
- Só lá para fazer o desbloqueio.
- Moço, são quase quatro horas, como é que eu vou comer?
Fez-se silêncio. Olho pro lado e tem um guri lindo observando cada palavra dita.
Ah, morram todos.

- Alô, Woddy Alen, a festa terminou
Minutos depois.
- Oi princesa!
- Oi Woddy Alen.
- Tá com fome?
- Aham, vamos no mac.
- Tem dinheiro?
- Sim, até o dia 10 eu sempre tenho dinheiro.
- Ó, dois pirulitos pra ti e dois pra mana.
- Obrigada. Tchau, Woddy Alen, até amanhã.
Fim da noite.

sexta-feira, 2 de março de 2007

Feliz ano novo!

Como diz meu amigo Rafael: o ano só começa mesmo depois do carnaval.
É, e neste novo ano eu perdi:
- a bolinha do meu piercing(eu engoli ela).
- o meu namorado(essa perda eu levei umas horas a mais para engolir).
Eu ganhei:
- um emprego("como tu vai na faculdade?", "olha, eu costumo ir melhor nos empregos do que na faculdade").
-um quarto semi-bagunçado(estou evoluindo, não preciso mais pedir licença pras quinquilharias pra eu poder entrar, vejam só!)

Sim, eu me sinto feliz e realizada.
Tá, cansei de falar disso.
Eu quero falar do meu primeiro dia de aula. Não, não vou falar, não vou falar. Vou falar! O primeiro professor eu já conhecia, usa sempre as mesmas roupas mas com cores diferentes, a calça da levis é preta ou branca, a blusa justa é track and field branca ou preta(de vez em quando ele arrisca uma azul marinho) e o sapato... Bom, o sapato... parece de palhaço! Hoje eu reparei no sapato e o riso foi inevitável. Do segundo professor eu gostei mais, o tio que ainda pensa que é gurizão, usava um tênis surrado(se ele fosse meu parente eu já teria doado o maldito tênis pra campanha do agasalho).
Deus ouviu minhas preces, nesse semestre até colegas bonitos eu tenho! Valeu, Deusão(o magrinho aquele foi feito sob encomenda?)!

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Carnaval de uma fulana normal

- mal.
- Hã?
- Foi o xis de ontem.
E lá se foi a minha companhia pra o carnaval. Se os homens conseguem eu também consigo, oras. Não deve ser tão difícil assim sair sozinha, não
é mesmo? Me senti muito máscula no alto do meu salto 10. A última vez que eu tinha me sentindo assim foi quando andei de kart, aquele monte de homens se fazendo de machões e eu lá atropelando tudo quanto era pneu que aparecia na minha frente. Eu posso tudo(menos mijar de pé, é claro)! Me empiriquitei e me mandei.
- Seu Nacional, onde tem smirnoff ice gelada?
Comprei minhas seis latinhas e fui até a praça de alimentação do shopping, na segunda lata me deu uma vontade incrível de interagir com alguém. De um lado dois guris bebendo chopp e do outro um com um saco do nacional cheio de ruffles. Na terceira lata eu falo com alguém, pensei. Engraçado mas acho que se fossem meninos bonitos eu ficaria mais tímida de puxar papo(ou não). O shopping estava fechando, as cadeiras estavam sendo empilhadas, os do choop foram embora e o do ruffles ali ficou.
- Quem que tu tá esperando?
- A minha esposa.
- Ah.
A vontade de me esconder debaixo da mesa foi mais instantânea que
miojo.

- Alô, Woody Allen, me busca aqui no shopping?
- Certo, te importa de ir comigo buscar outros passageiros?
Os passageiros do taxi do Woody Allen eram bem legais e me convidaram para sair com eles, eu estava que nem folha seca: ia pra onde o vento me levasse, sendo assim...
Chegando lá tocava música tradicionalista, senti muita pena de mim.
- Alô, Woddy Allen me tira daqui.

O Woddy Alen, que não é bobo nem nada, me levou no lugar mais legal do carnaval de Porto e ainda me emprestou grana(ele sabia que minha situação estava difícil e o difícil não é fácil).
Eu me sentia a pessoa mais feliz e sozinha do mundo, se é que isto é possível. Até que eu fiz amizade com um bixa.
- E o teu namorado?
- Que namorado?
- É sério que tu não tem namorado?
- Seríssimo.
- Não acredito.
Me senti a rainha gay naquele momento. Mas como depois do carinho vem a bofetada...
- Olha que bonito aquele do tambor.
- Eu não enxergo, sou míope.
- Eu gosto de homem forte. Tu faz academia?
- Não.
- Mas como? Tu é forte, olha o teu braço.
- Não, o meu braço é gordo assim mesmo.

Liberaram a piscina e eu me senti uma criança feliz. Sim, eu me empolgo com pouca coisa mesmo, no momento jogar água nos outros era minha principal diversão.
- Alô. Ai, Woody Alen, eu quero ficar mais. Posso?
Depois das seis da manhã o táxi do Woody Alen vira abóbora. Mas ele foi bonzinho e me deixou ficar até o fim da festa.
- Moço, tem alguma coisa pra comer de dois reais? Ai, moço eu só tenho dois reais e eu com fome. Refri não mata fome.(nessa hora eu faço cara de cachorrinho que caiu da mudança)
- Eu perdi quase todo meu dinheiro na piscina, sobrou um real, pega pra ti ó.

O bixa e eu aguardávamos na frente do local a chegada do Woody Alen, de repente o bixa me abraçou(tudo bem, os bixas são mesmo muito afetuosos e a gente tira uma casquinha já que não vamos sair abraçando qualquer homem por aí) e depois encostou a boca na minha orelha.
- Êpa, essa orelha é minha! O que que isso?
Era só o que me faltava, ficar com o bixa da festa seria mesmo o fim da várzea. E adivinhem quem me salvou! O Woody Alen!