quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Carnaval de uma fulana normal

- mal.
- Hã?
- Foi o xis de ontem.
E lá se foi a minha companhia pra o carnaval. Se os homens conseguem eu também consigo, oras. Não deve ser tão difícil assim sair sozinha, não
é mesmo? Me senti muito máscula no alto do meu salto 10. A última vez que eu tinha me sentindo assim foi quando andei de kart, aquele monte de homens se fazendo de machões e eu lá atropelando tudo quanto era pneu que aparecia na minha frente. Eu posso tudo(menos mijar de pé, é claro)! Me empiriquitei e me mandei.
- Seu Nacional, onde tem smirnoff ice gelada?
Comprei minhas seis latinhas e fui até a praça de alimentação do shopping, na segunda lata me deu uma vontade incrível de interagir com alguém. De um lado dois guris bebendo chopp e do outro um com um saco do nacional cheio de ruffles. Na terceira lata eu falo com alguém, pensei. Engraçado mas acho que se fossem meninos bonitos eu ficaria mais tímida de puxar papo(ou não). O shopping estava fechando, as cadeiras estavam sendo empilhadas, os do choop foram embora e o do ruffles ali ficou.
- Quem que tu tá esperando?
- A minha esposa.
- Ah.
A vontade de me esconder debaixo da mesa foi mais instantânea que
miojo.

- Alô, Woody Allen, me busca aqui no shopping?
- Certo, te importa de ir comigo buscar outros passageiros?
Os passageiros do taxi do Woody Allen eram bem legais e me convidaram para sair com eles, eu estava que nem folha seca: ia pra onde o vento me levasse, sendo assim...
Chegando lá tocava música tradicionalista, senti muita pena de mim.
- Alô, Woddy Allen me tira daqui.

O Woddy Alen, que não é bobo nem nada, me levou no lugar mais legal do carnaval de Porto e ainda me emprestou grana(ele sabia que minha situação estava difícil e o difícil não é fácil).
Eu me sentia a pessoa mais feliz e sozinha do mundo, se é que isto é possível. Até que eu fiz amizade com um bixa.
- E o teu namorado?
- Que namorado?
- É sério que tu não tem namorado?
- Seríssimo.
- Não acredito.
Me senti a rainha gay naquele momento. Mas como depois do carinho vem a bofetada...
- Olha que bonito aquele do tambor.
- Eu não enxergo, sou míope.
- Eu gosto de homem forte. Tu faz academia?
- Não.
- Mas como? Tu é forte, olha o teu braço.
- Não, o meu braço é gordo assim mesmo.

Liberaram a piscina e eu me senti uma criança feliz. Sim, eu me empolgo com pouca coisa mesmo, no momento jogar água nos outros era minha principal diversão.
- Alô. Ai, Woody Alen, eu quero ficar mais. Posso?
Depois das seis da manhã o táxi do Woody Alen vira abóbora. Mas ele foi bonzinho e me deixou ficar até o fim da festa.
- Moço, tem alguma coisa pra comer de dois reais? Ai, moço eu só tenho dois reais e eu com fome. Refri não mata fome.(nessa hora eu faço cara de cachorrinho que caiu da mudança)
- Eu perdi quase todo meu dinheiro na piscina, sobrou um real, pega pra ti ó.

O bixa e eu aguardávamos na frente do local a chegada do Woody Alen, de repente o bixa me abraçou(tudo bem, os bixas são mesmo muito afetuosos e a gente tira uma casquinha já que não vamos sair abraçando qualquer homem por aí) e depois encostou a boca na minha orelha.
- Êpa, essa orelha é minha! O que que isso?
Era só o que me faltava, ficar com o bixa da festa seria mesmo o fim da várzea. E adivinhem quem me salvou! O Woody Alen!